Ainda lembro quando encontrei O Guia do Mochileiro das Galáxias na livraria. O Don’t Panic, em vermelho na capa, chamou minha atenção de imediato. Quando descobri que a narrativa misturava ficção científica, humor e uma pitada de ironia; que toalhas eram armas poderosas e ratos a espécie mais inteligente da Terra, ficou claro que Douglas Adams seria um de meus autores preferidos e uma grande inspiração.

Ali, no meio de tantos livros, o cara – que coincidentemente nasceu no mesmo dia que eu – conquistou minha atenção, meu coração de nerd, de rata de biblioteca. A vontade de entrevistá-lo e saber um pouco mais sobre sua história passou a me acompanhar desde aquela tarde.

Infelizmente Douglas Adams já partiu. Mas por sorte, ou conspiração do universo, tive a oportunidade de entrevistar Jem Roberts, autor de A Espetacular e Incrível Vida de Douglas Adams e do Guia do Mochileiro das Galáxias – a biografia autorizada do escritor.

livro douglas adamsO jornalista examinou os arquivos pessoais de Douglas e no livro, publicado no Brasil pela editora Aleph, revela trechos inéditos de suas obras, assim como relatos, insights e novas piadas; além de curiosidades sobre Doctor Who, Monty Python e a influência dos Beatles e Pink Floyd em seus textos.

Para comemorarmos o Dia da Toalha ou Dia do Orgulho Nerd em grande estilo, nada melhor do que compartilhar a entrevista com você, não é mesmo? Portanto, pegue sua mochila, sua toalha e prepare-se para uma viagem interestelar!

LW: Como você se sentiu ao ver os materiais exclusivos de Douglas Adams?
JR: Não importa quanto tempo eu viva, nunca vou esquecer a honra de ter sido o primeiro estranho a analisar toda aquela montanha de papel. O tempo foi limitado, então eu passei os dias fotografando as páginas com meu iPhone, mas valeu a pena cada segundo. Eu tive até a oportunidade de me hospedar em um quarto luxuoso, em um dos dormitórios da St John’s College, em Cambridge, enquanto explorava os arquivos – o que foi como viver em Hogwarts por um momento. Foi um prazer incrível.

LW: Qual foi a coisa mais incrível que você descobriu sobre o escritor?
JR: Que seu avô materno fazia sátiras e era um artista, assim como Douglas Adams. Além disso, ele se parecia tanto com seu avô paterno, quanto com o avô materno – por mais impossível que isso possa parecer.

LW: Escrever sobre Douglas Adams é uma grande responsabilidade. Como você se sente sobre isso?
JR: Eu só queria não deixar de amar Adams ou qualquer um de seus trabalhos no momento em que eu terminasse o livro. Depois de tanto olhar para todos os aspectos de sua vida e, após finalizar a obra, fiquei agradavelmente surpreso com o fato de admirá-lo mais do que nunca.

LW: Por que o escritor escolheu 42 como resposta para tudo?
JR: Porque John Cleese e Graham Chapman, criadores de Monty Python, haviam decidido que 42 era um número engraçado para um projeto próprio. Douglas era um grande fã do grupo de comédia britânico e não imaginava que essa teoria, do número 42, ganharia uma proporção tão grande.

LW: E você acha que 42 realmente é a resposta? (Eu deixo você responder essa com o número 42).
JR: Se essa realmente fosse a resposta, não seria engraçado!

LW: Você tem uma toalha favorita? Se sim, você sempre a carrega em sua mochila?
JR: Desde que comecei a trabalhar neste livro, sim. E, sim, eu a carrego – uma Don’t Panic oficial, criada por Rod Lord, que fez as artes para a série O Guia do Mochileiro das Galáxias, da BBC TV.

LW: Por que Douglas Adams é tão importante para a comunidade geek?
JR: Ele estava lá antes de qualquer um de nós, décadas atrás, e agora estamos apenas curtindo o mundo que ele, rindo, previu há 35 anos. Douglas certamente se tornaria o Rei do Twitter – se isso servisse como uma desculpa para perder os prazos de entrega.*

* Douglas Adams era muito conhecido por não entregar seus livros no prazo pedido pela editora.

LW: Douglas ouvia música ao escrever seus livros. Você ouviu alguma música especial para escrever sobre ele?
JR: Douglas e eu dividimos uma obsessão religiosa pelos The Beatles, mas eu tenho que admitir que nunca fui tão fã de Pink Floyd ou Procol Harum como ele era – mesmo assim, escutei muitos de seus álbuns enquanto escrevia.

LW: Se Adams estivesse vivo, o que você acha que ele diria para terminar essa entrevista?
JR: “Me desculpe, eu preciso ir e matar aquele bastardo intrometido que está divulgando meus arquivos privados, Jem Roberts…”


E aí, gostou do nosso presente de
Dia da Toalha? Se você curtiu a entrevista e ficou curioso, querendo saber mais sobre as aventuras de Douglas Adams, não deixe de ler A Espetacular e Incrível Vida de Douglas Adams e do Guia do Mochileiro das Galáxias. 😉

Até mais, e obrigada pelos peixes!

 


 

Nota da Mochileira:
Espero que você, leitor intergalático, tenha curtido essa entrevista tanto quanto essa jornalista que escreve. Essa postagem é uma homenagem para Douglas Adams e todos os que se consideram nerds. Em caso de viagens interestelares, bem, vocês já sabem. Peguem suas toalhas e não entrem em pânico! Obrigada, Jem Roberts, obrigada pessoal da Aleph. 😀