Você conseguiria programar sem enxergar? Parece algo praticamente impossível para muitos, mas é simplesmente a realidade de alguns. Programadores sem a visão têm cada vez mais chances de desempenhar a profissão, graças aos avanços em soluções tecnológicas.

Este post vai mostrar um pouco mais sobre como funciona a rotina dessas pessoas! Você vai conhecer 2 histórias inspiradoras e entenderá como é possível programar mesmo para uma pessoa cega. Confira!

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    A possibilidade de programar sem enxergar

    rotina do programador tem como base a leitura e a compreensão de códigos, sempre com a finalidade de desenvolver aplicações. A tarefa é complexa, mas para quem é capacitado, é só mais um dia de trabalho em que é preciso superar as dificuldades e colocar o conhecimento em prática.

    Entretanto, os programadores cegos têm um caminho um pouco diferente entre o domínio da ciência e a aplicação na programação. Não enxergar o que está sendo digitado é o primeiro desses percalços. O erro ao digitar uma linha de comando também é outro, porém, ainda assim é possível atuar nessa área.

    Diferentes maneiras de lidar com a limitação

    A limitação é a mesma, mas cada um dos programadores cegos tem sua própria maneira de lidar com essa condição. No final do dia, o importante é conseguir desenvolver as linhas de código da maneira certa, livre de erros.

    Chegar a esse resultado é o desafio dessas pessoas. Entretanto, para quem nem mesmo pode enxergar o que está à sua frente, muitos desde a infância, lidar com códigos e linguagens de programação é só mais uma parte do processo.

    Os diferentes programas de auxílio a deficientes visuais são a base da operação. Programadores cegos buscam diferentes recursos, adaptando o uso à prática de desenvolvimento com as linguagens. Muitos também usam ferramentas comuns, como o bloco de notas, para corrigir códigos, por exemplo.

    Os casos de programadores cegos

    Que é possível programar sem enxergar você já sabe, mas certamente ficou a curiosidade sobre quem são e como essas pessoas conduzem suas rotinas, certo? Antes de tudo, esses profissionais são inspirações para qualquer um. Porém, por trás dessa vitória há muito esforço e adaptação.

    É inegável que os programadores cegos enfrentam situações que, pelo menos para a maioria dos profissionais, seriam encaradas como grandes dificuldades no trabalho. Entretanto, para Lucas Radaelli e Ângelo Beck, a adaptação é só uma pequena parte desse processo.

    Ângelo Beck

    Ângelo perdeu completamente a visão aos 24 anos, e hoje ele tem 37. Aos 27 ele começou um projeto de gerenciador de conteúdos, todo desenvolvido por ele próprio, que é técnico em eletrônico e focado na programação PHP.

    O mais interessante na trajetória de Ângelo são as adaptações que ele fez para que pudesse atuar sem maiores restrições, sempre com a proposta de facilitar seu trabalho. Ele programou seu leitor de texto para que pronunciasse palavras específicas ao se deparar com alguns caracteres das linhas de códigos.

    Por exemplo, Ângelo definiu os seguintes parâmetros para serem citados pelo programa:

    • “//” é lido como “nota”;
    • “$” é lido como “var” (abreviação de variável);
    • “!” é lido como “not” (referência a mensagem de negação);
    • “;” é lido como “fim” (comando de fim de instrução, comumente utilizado em PHP).

    Lucas Radaelli

    Lucas é cego desde os 4 anos, o que exigiu que seus pais adaptassem todo conteúdo escolar ao longo de sua vida. Tudo era digitalizado para que ele tivesse acesso por meio de programas de leitura de conteúdo. Aos 7 ele começou a lidar com computadores, e a aprendizagem foi bem rápida.

    Atualmente, Lucas tem 27 anos e trabalha no time de busca do Google, em Belo Horizonte. O começo da sua carreira foi na Universidade Federal do Paraná (UFPR), no curso de ciência da computação. Lá ele superou dificuldades com os materiais de estudo, contou com ajuda de colegas e assim chegou ao diploma.

    Atualmente, Lucas tem acesso aos principais programas de apoio a deficientes visuais para trabalhar. Contudo, ele também aposta na própria memória para guardar as últimas linhas de comando com a qual está lidando.

    O papel da tecnologia no cotidiano dessas pessoas

    Programar sem enxergar seria simplesmente impossível sem a ajuda de recursos tecnológicos. É fundamental ter o auxílio de programas de leitura de texto, além de outras ferramentas. Cada vez mais há desenvolvedores preocupados em facilitar a vida de pessoas cegas, o que se reflete diretamente na atividade de programação.

    Software de leitura de texto é fundamental

    Há alguns recursos já bem difundidos e extremamente úteis nessa profissão, como o Jaws e o NVDA. Eles emitem uma fala sintética diante de qualquer texto que apareça no computador. Cada usuário configura da maneira que preferir, visando sempre um desempenho otimizado, já que estamos falando de programação.

    Display em braille é outra ferramenta de apoio

    O display em braille é outra opção que programadores cegos utilizam como apoio ao ler os códigos. Ele atualiza os comandos e os transmite por meio de uma linguagem totalmente inerente ao universo dessas pessoas. Assim, é possível montar uma estação de trabalho completa e com diversos recursos.

    Visual Studio é uma plataforma indispensável

    Para quem se dedica a programar sem enxergar, é fundamental ter recursos específicos, mas as ferramentas básicas da atividade não são deixadas de lado. O Visual Studio é amplamente utilizado por programadores cegos, tendo em vista que a operação nesse ambiente é bem prática e completamente adaptável.

    Alguns profissionais apenas configuram particularidades para tornar a experiência melhor. O alerta de erros durante a digitação é um comando que pode atrapalhar quem tem deficiência visual. Nesse caso, muitos programadores cegos preferem desabilitar essa função.

    Emacspeak deixa a leitura menos cansativa

    Uma das ferramentas de acessibilidade mais importantes, o Emacspeak também tem seu uso frequentemente aplicado na programação. O destaque é a mudança na entonação de leitura feita pelo programa, de acordo com palavras e caracteres específicos.

    Esse diferencial funciona como um alerta ao programador. Quando percebe a alteração na voz, ele sabe que há algo com o qual precisa se atentar. Isso também torna a audição menos linear e, automaticamente, menos cansativa.

    Você viu neste conteúdo que, com ajuda da tecnologia, é possível programar sem enxergar. Histórias inspiradoras servem para mostrar como é possível sempre se superar. Além disso, é importante nunca subestimar que está disposto a vencer dificuldades de diferentes escalas!

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