Fundadora da FLC Lâmpadas vendeu a empresa líder de mercado para se dedicar em tempo integral ao projeto social.

Empreendedora de nascença, Alcione Albanesi fazia, na infância, rifas dos presentes que ganhava para guardar dinheiro. Aos 18 anos, abriu a própria confecção de roupas e administrou 80 funcionários. No início dos anos 1990, decidiu vender a modelagem para se aventurar no mercado de materiais elétricos, mesmo sem ter experiência no assunto. Deu certo.

Entre outros feitos, a FLC Lâmpadas foi responsável por trazer para o Brasil a tecnologia de lâmpada de LED. Assim, tornou-se líder de mercado rapidamente. Mas, apesar do sucesso, a filantropia falou mais alto e Alcione vendeu a companhia para se dedicar em tempo integral ao projeto social Amigos do Bem, criado por ela para ajudar as pessoas do sertão nordestino. A Revista Locaweb conversou com a empreendedora, que explica por que gerenciar uma ONG pode ser algo tão difícil quanto comandar uma empresa.

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    Quando você percebeu que tinha aptidão para empreender?

    Acredito que todo empreendedor nasce com o dom de enxergar e realizar além. Sempre fui muito decidida e inquieta, acreditando que subir pequenos degraus me ajudaria a alcançar grandes objetivos. Aos 5 anos, costumava ir para o Ceasa com minha mãe para comprar verduras para as crianças carentes das creches que ela ajuda até hoje. Ficava sentada em cima das caixas de tomate até conseguir que o dono da tenda nos doasse alimentos. Mais tarde, aos 14 anos, com muita persistência e poder de persuasão, consegui convencer meus pais a me deixarem viajar para estudar inglês e fiquei fora por um ano. O empreendedorismo sempre fez parte da minha trajetória, mas foi quando eu tinha 18 anos, ao abrir minha confecção, que dei meu primeiro grande salto profissional e trilhei o caminho até chegar a FLC Lâmpadas.

    Como o Amigos do Bem foi desenvolvido?

    Com o passar dos anos, a empresa e meu projeto social paralelo cresceram muito, e já não era mais possível me dedicar o quanto precisaria às duas iniciativas. Eu precisaria escolher. Acredito que existem muitos profissionais para lidar com negócios, mas poucos dispostos a usar o talento e o tempo para cuidar de pessoas com dedicação e amor. Então, em 2014, decidi vender a empresa para me dedicar, voluntariamente e em tempo integral, aos Amigos do Bem, que se tornou uma das maiores instituições sociais do País.

    Como você aplica sua experiência como empreendedora para fomentar o Amigos do Bem?

    Acredito que o empreendedor já nasce com o dom de realizar. Por isso, devemos usá-lo em benefício de todos, como um recurso social transformador. No Amigos do Bem, aplico todo o meu know how de empreendedora. É um desafio de gestão de pessoas, logística, administração financeira, enfim, com toda a complexidade de uma grande empresa, mas alimentada por um time de voluntários cujo único “pagamento” é a certeza de que estão deixando um rastro de transformação por onde passam.

    Quais são seus planos para o futuro do projeto social?

    Nosso objetivo é promover desenvolvimento local e inclusão social capazes de combater a fome e a miséria por meio da educação e projetos autossustentáveis. Sabemos que, para quebrar um ciclo secular de miséria e abandono nessa região, é necessário investir na educação e no trabalho. Temos um compromisso de longo prazo com milhares de pessoas, com os doadores e voluntários, e iremos parar apenas quando a fome e a miséria se tornarem fatos históricos no País. O brasileiro é solidário. Todos podemos fazer o bem. A vida, todos os dias, nos convida a sermos protagonistas da mudança que queremos.

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